A rotina médica envolve jornadas intensas, alto nível de responsabilidade e grande pressão emocional. Além disso, muitos profissionais enfrentam desafios financeiros que nem sempre são debatidos. A realidade é que boa parte dos médicos trabalha em mais de um vínculo de emprego, busca constante atualização profissional e precisa lidar com custos elevados, como aluguel de consultório, aquisição de equipamentos, congressos, especializações e manutenção de CRM e associações. Nesse cenário, é cada vez mais comum que surjam dívidas difíceis de administrar.
Para oferecer proteção e meios de renegociação justa, entrou em vigor a lei do superenvidamento, que tem como objetivo garantir que consumidores possam reorganizar suas finanças e recuperar o equilíbrio econômico, evitando práticas abusivas de crédito e oferecendo a possibilidade de acordos coletivos.
O que é a lei do superenvidamento
A lei do superenvidamento foi criada para proteger consumidores que comprometeram sua renda com dívidas a ponto de não conseguirem manter condições mínimas de vida. Ela reconhece que muitos endividamentos ocorrem de forma gradual, influenciados por juros abusivos, ofertas de crédito facilitado e ausência de orientação financeira.
Para os médicos, isso pode acontecer principalmente quando existe:
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Acúmulo de financiamentos, cartões de crédito e empréstimos
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Investimentos empresariais que não retornaram
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Queda inesperada na renda devido a mudanças de agenda ou contratos
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Despesas pessoais e familiares elevadas
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Pressão pela atualização constante e compra de novos equipamentos
A lei permite que o devedor apresente um plano de pagamento realista, baseado em sua renda, preservando o mínimo para despesas essenciais como moradia, alimentação, saúde e educação.
Por que médicos têm sido afetados
Apesar de serem associados a boa remuneração, muitos médicos enfrentam instabilidade financeira. Isso acontece porque, em diversas fases da carreira, a renda é variável e o tempo disponível é escasso para planejamento financeiro.
Alguns fatores que contribuem para o endividamento entre médicos:
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Início da carreira com bolsas baixas e plantões mal remunerados
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Investimento elevado em cursos, provas de residência e deslocamentos
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Pressão para abrir consultório ou clínica própria
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Expectativa social de padrão de vida elevado
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Falta de educação financeira durante a formação médica
Assim, sem uma estratégia clara de orçamento, as dívidas podem se acumular até se tornarem difíceis de administrar.
Como a lei ajuda na reorganização financeira
A lei do superenvidamento oferece ao profissional a possibilidade de negociar todas as suas dívidas ao mesmo tempo, diante de todos os credores, com supervisão judicial ou administrativa. Isso evita negociações individuais injustas, nas quais o consumidor fica em posição de fragilidade.
A lei permite:
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Suspensão de cobranças abusivas
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Proibição de ligações insistentes e constrangedoras
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Reestruturação da dívida com prazos maiores
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Redução de juros abusivos
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Garantia de que parte da renda permaneça para despesas essenciais
O objetivo é devolver ao médico a capacidade de reorganizar seu orçamento e reconstruir sua vida financeira sem comprometer sua dignidade.
O que pode ser incluído na renegociação
Podem entrar no processo dívidas como:
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Cartões de crédito
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Cheque especial
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Empréstimos pessoais
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Financiamentos
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Consignados
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Contratos de consumo em geral
Não entram dívidas relacionadas a pensão alimentícia e impostos.
Como o médico pode iniciar o processo
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Análise detalhada da situação financeira
Levantar todas as dívidas, prazos e juros envolvidos. -
Consultar um advogado especializado
Profissionais do direito do consumidor ou gestão financeira médica podem orientar com precisão. -
Entrar com pedido administrativo ou judicial
Dependendo do caso, a renegociação pode ocorrer em órgãos de defesa do consumidor ou no tribunal. -
Apresentar um plano realista de pagamento
A proposta deve respeitar a renda e a manutenção de condições de vida básicas.
Educação financeira como prevenção
Mais do que reorganizar dívidas, a lei também alerta para a importância da educação financeira. Criar reservas emergenciais, separar contas pessoais das contas do consultório e compreender custos fixos são passos essenciais na proteção de longo prazo.
A lei do superenvidamento representa um avanço importante no reconhecimento da vulnerabilidade financeira que pode atingir qualquer pessoa, inclusive médicos. Ao garantir meios justos de renegociação, a lei permite recuperar não apenas o controle financeiro, mas também a tranquilidade emocional. Recuperar equilíbrio é possível, e o primeiro passo é buscar informação, assistência especializada e planejamento realista.
Autoria de Dra. Kátia Viegas por WMB Marketing Digital
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